terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Somente um Esboço

Sombras, sobras, soltas
Esfarelam-se suavemente
Sob o céu incandescente
De um frio que não se sente

Sobre minha mão se resvalam
Pedaços de vidro, embaçado
Embalsamado, embasado
Na vida fosca de sempre

Pois cada um, um dia
Seus pedaços distribuiu, insolúveis
Sua alma esquartejou e espalhou
Para pessoas, seres volúveis

Sucede-se assim, o que há de ser
Utiliza, esquece, encerra, cada ser
Seu pedaço, seu centésimo de vida
Como se lhe convém saber

Meus pedaços... ah, esses pedaços
Agora perdidos, espalhados
Cintilam um cintilar esquecido
Cessados, exterminados, mexidos

Não se satisfizeram deles, de certo
Se descuidaram, esqueceram
Algo tão escasso, esmero
Desperdiçaram, pereceram

Agora, só resta um esboço
Rasgado, ressecado
Que se contorce, a se reconstruir
Em soluços e fossos

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