sábado, 1 de dezembro de 2012

Simples Desejos Simples

Ouça o que os pombos dizem, ouça
Ouça os arrulhos de conselhos tortuosos
Que se erguem infames
Sobre a vossa racionalidade

Uma bicicleta?
Monte-a
Uma torta?
Devore-a
Uma pedra?
Chute-a
Um piolho?
Esmague-o

Cala-te monstruosidade frugal!
Tuas palavras deságuam numa pilha de imundícies
Como uma pequena faísca que sacia a escuridão
Em seu brilho fútil a martelar um vício decrépito e incolor
Iluminando só o necessário, humano.

Amordacem esse pombo!
Mostrem a ele o que uma explosão pode fazer!
Revelem-lhe as chamas
E elas lho revelarão a vida!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Wind Walls


You may see through it’s bricks
You might smell through it’s parts
You can extend your hand and touch what’s inside
But you can’t do it, do you?

You refuse to go through
When there’s nothing stopping you
Do you know what’s ahead?
A Wind Wall, small head

It’s just wind, it’s just air
You can feel with your hair
But you can’t go through it, can you?
It’s still a Wall

Man, look to the leaves flying
Passing through that wall
You can see, there’s no problem
But you don’t care at all

The Wind Wall has been built
We looked for the culprit
But, as we proceeded
No one was found guilty

What's wrong with the world?
What's right about the word?
Do you see what's the problem here?
It's the Wall or the one who sees it?


It’s just wind, it’s just air
You can feel with your hair
But you can’t go through it, can you?
It’s still a Wall
It’s still a Wall

Is it a Wall?


Obs: É uma música

sábado, 3 de novembro de 2012

Resumo da Tese do Cubo Espelhado


O que é a vida? Ora, mas como poderia eu definir a vida sem antes saber dizer o que é o ser humano? Porque a vida está condicionada ao modo de ver desse tipo de ser. E por quê? Porque é um ser humano que está perguntando, ora! E a vida, para mim, não está além de tudo que posso conceber e captar. Como o célebre filme Matrix nos vem a recordar, podemos ser todos prisioneiros de uma realidade criada, confinados a nossa própria mente. Na verdade, como não haveria de ser assim?
Voltemos então à pergunta numa reformulação mais condizente: o que é o ser humano? O que é sua consciência?  Hora, se os entraves da minha mente não fizeram danos a meu juízo, estou calcado em minha experiência e firme em meu intelecto para tecer a informação dubiamente paradoxal de que a vida, ou o ser humano, é um cubo espelhado. Isso mesmo, uma forma geométrica espacial oca cujas paredes interiores refletem a luz do conhecimento. Nossa mente, nossa concepção, nossa vida, é como o interior desse cubo. Estamos presos? Olhe para dois espelhos paralelos e me diga. Você vai presenciar o infinito. Isso mesmo, como o universo, uma dimensão sem fronteiras. E, voltando à alegoria, perceberá que o próprio infinito é essa fronteira. O limiar de sua mente é sua capacidade infinda (ou não). A capacidade de conhecer é subordinada ao conhecimento obtido, e não ao contrário. Você acha que é infinito justamente porque não é. E isso é tanto uma alegoria fictícia ao Universo como mostra a capacidade de conhecimento humano. Você nunca saberá o que não conhece, o que está fora do cubo – mesmo que reconheça que não saiba pela infinitude ilusória a ti posta pelo seu próprio conhecimento. Você nem tem ideia do que você mesmo admite não saber - você acha que o que não conhece é o infito do reflexo, mas não é. Você não tem a capacidade. É como tentar imaginar a quarta dimensão ou uma cor que nunca tenha visto. Só que é bem mais geral e, de certa forma, menor que esses exemplos ilustrativos. Está em cada processo de raciocínio, cada dedução inconsciente que sua mente faz, cada pensamento que te passa despercebido. Daí questionam-se as perguntas: "Como você não pensou nisso?" ou "Por que tinha este fato com tanta convicção? Por que não o questionou?" Você não podia. Não passou pela sua cabeça fazê-lo por causa seu próprio conhecimento que lhe é limitante. Você enxergava a completude e infinitude das possibilidades presas àquele fato - só podia raciocinar, ainda que de infinitas maneiras, baseado naquele pensamento. Até que algo veio a lhe despertar a atenção para a natureza daquele espelho, para a inconsistência daquele fato, e ele se quebrou, fazendo com que você percebesse que seu infinito era limitado. E se pôs diante de você uma nova parede espelhada.Você é um cubo espelhado em que as paredes estão constantemente se quebrando e cedendo lugar para outras. Mas todas espelhos. Todas te limitam a eles mesmos, ainda que pareçam infinitas. Mas diria eu que passei de um exemplo extremo (quarta dimensão) a um simplório (fatos específicos). O verdadeiro cerne da questão está nas prisões mentais a que cada ser humano está confinado, o limite de seu raciocínio, cujo maior expoente encarceirador é a linguagem. Não pensamos fora dos significados condicionados à nossa língua. Assim como não costumamos pensar fora de um padrão de consciência social. Não vemos por trás daquele espelho, porque não parece ter espelho - é simplesmente o infinito, e parece completo em si mesmo. Até que algo por trás do espelho é demonstrado ao conhecedor, e ele é quebrado. Mas sempre como novos espelhos atrás, novas limitações de pensamentos - ninguém jamais estará livre do falso infinito. E quem dirá que estou errado? Ou quem dirá que estou certo? Nem eu mesmo posso dizer, porque minha teoria depõe contra a própria autenticidade, se pensares bem. De fato, isso levanta a questão: como pude eu perceber que sou um cubo espelhado, se estou condicionado a esse mesmo paradoxo? Penso eu (vide, nem certeza sobre isso tenho, mas acredito) que é de se ver cubos menores. Universos de conhecimento mais limitados, de forma a caberem dentro do meu cubo e poderem ser analisados de um ângulo externo. Como uma criança, ou mesmo um bebê. Creio que tive a capacidade de ver que são eles esses cubos, então pude olhar para minha própria situação e encontrar a semelhança. Talvez por aí tenham cubos espelhados maiores que consigam me ver de longe e enxergar o que não enxergo, como minhas próprias limitações. E maiores que eles. E maiores. E onde isso vai parar? Quem há de saber? Porque, mesmo que seja infinito, quem provará que não é somente outro cubo espelhado?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Histórias sobre um final


Loucura é temer o fim
Insurpreso, acostumado enfim
Em quebras que se fazem jasmim
Carbonos e diamantes sem fim

Nada o que temer, se é que compreendes
O início, sim, é que não entendes
Não o vê em performance deslumbrante
Somente em agouros de um bebê berrante

O decaimento final das rosas
As rosas pálidas e frias

Derrubai os muros!
Mas não consternai os sorrisos

Quebrai o romance inacabado
Mas deixe acabar o findado

Deixar morrer! Deixai terminar!
E não se esqueças de amar!

Lirismo de um fim


O fim não cessa
Não vacila, se começa
O fim estará por vir
Para sempre, em devir

Não que não seja bela
A queda da última folha da árvore
Mas o ramo que ali ficou
Não se alegra nela

Somos frutos de um fim
E por fim, entende-se tudo
Tudo o que fala ou que é mudo

Portanto, não há nada do que se gabar
E nada que reclamar
Somente fazer durar

domingo, 1 de julho de 2012

Sonhos, Visões


Não se sonha com o que se vê
O que é sonhado jamais se viu
Se houvesse visto, era visão, não sonho
Visões são reais; sonhos são sonhos

Vejo que sonho
Nada que vi, apenas sonhei
Se vi que sonho, mas sonho não se vê
Sonhei que vi, não vi, mas sonhei

Em meu sonho, vi o que era sonho
Nas visões, sonhei o que não vi
Vejo em sonho; sonho em visão
Mas sonho é sonho; visão é visão

Não se sonha com visões
Não se vê sonhos
Ver é direto
Sonhar, indireto

Visões machucam
Pois veem a realidade
Sonhos alegram
Pois sonham a não-realidade

O problema é quando sonhos se tornam visões
Como saber se vê ou se sonha?
Que sonho é esse que se vê
Ou será que o que se via se tornou sonho?

Afinal, que é sonhar?
Que é ver?
Veja, pois, este sonho
Ou sonhe, então, esta visão?

Mas uma coisa se vê
Sem dúvida, isso mesmo se sonha
Que o sonho, após sonhado, quando se vê
Derruba sonho, visão
E tudo mais do ser

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Solidão

Essas lágrimas que de ti caem
Não são frutos da alegria?
Pois em banquetes se farta
E do melhor te sacias

Não me alcança esse sentimento
Se em fartar-me estou condenado
Como um grão de areia, ao vento
Voar ou comer, isolado

sábado, 28 de janeiro de 2012

Perto mais Longe que o Longe

E sorrimos para o dia
Alicerçando num sorriso a tristeza
Para não se levante, o capataz, em ira
Julgando descontentamento, em certeza

Inflamados espíritos se contorcem
Clamando, em desalento
Através de um leve movimento
Para o mar, para a terra, para o vento

Não sabeis aquilo ser um aceno
Sim, aquele mesmo gesto ameno
Para o Condor que passa em levante
Chega, olha, e passa adiante

Não há dor mais sofrida
Que a em quase construída
Não há repressão que mais dolorida se faça
Que aquela acompanhada de uma mordaça

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Ah, o Mar

Sabe... o mar me lembra muito a vida
Você vai o adrentando
E, quanto mais você percorre
Mais você o acha gelado
Quanto mais ele sobe por seu corpo
Mais parece que você vai congelar
E esse é o momento que você sabe que você tem que mudar
Aí você para e pensa
E protela
Porque sabe que a mudança não vai ser fácil
Mas uma hora você percebe que ficar parado não vai resolver
E então você dá o mergulho
Sem dúvidas, a passagem é a parte mais difícil
O Choque do antes e do depois é realmente perturbante
O frio percorre todo seu corpo
Mas aí
Você começa a se acostumar ao novo ambiente
E aquele ar quentinho de antes
Tornou-se o frio uivante que perturba seu aquecimento na outrora gelada água
Então você entende que não são as situações que são ruins ou boas
Mas que ruim ou bom é simplesmente como você as vê
O que, de um lado, parece ser uma aterradora realidade
Do outro, revela-se um paraíso
Fato é, também, que,
Independentemente de onde você esteja
No final, vai tudo ficando frio
Mas, se você pensar bem
Isso também é você que decide
Depois de várias idas ao mar
Você já não vê mais porque temer o frio
Frio e calor, são todos estados, simples estados
E você vê que o que realmente importa
O que torna o frio frio e o quente quente
É ter alguém ali com você, ou não
Pra dividir todos esse sentimentos
E sabe o que é mais interessante?
É que você também percebe que o mergulho, mesmo sendo o mais difícil
É a melhor parte de todas
É ali que a companhia certa faz toda diferença
Seja pra contar até 10 e mergulhar junto com você
Ou para te empurrar na água pro choque ser ainda pior, e acabar rindo de tudo isso