sábado, 3 de novembro de 2012

Resumo da Tese do Cubo Espelhado


O que é a vida? Ora, mas como poderia eu definir a vida sem antes saber dizer o que é o ser humano? Porque a vida está condicionada ao modo de ver desse tipo de ser. E por quê? Porque é um ser humano que está perguntando, ora! E a vida, para mim, não está além de tudo que posso conceber e captar. Como o célebre filme Matrix nos vem a recordar, podemos ser todos prisioneiros de uma realidade criada, confinados a nossa própria mente. Na verdade, como não haveria de ser assim?
Voltemos então à pergunta numa reformulação mais condizente: o que é o ser humano? O que é sua consciência?  Hora, se os entraves da minha mente não fizeram danos a meu juízo, estou calcado em minha experiência e firme em meu intelecto para tecer a informação dubiamente paradoxal de que a vida, ou o ser humano, é um cubo espelhado. Isso mesmo, uma forma geométrica espacial oca cujas paredes interiores refletem a luz do conhecimento. Nossa mente, nossa concepção, nossa vida, é como o interior desse cubo. Estamos presos? Olhe para dois espelhos paralelos e me diga. Você vai presenciar o infinito. Isso mesmo, como o universo, uma dimensão sem fronteiras. E, voltando à alegoria, perceberá que o próprio infinito é essa fronteira. O limiar de sua mente é sua capacidade infinda (ou não). A capacidade de conhecer é subordinada ao conhecimento obtido, e não ao contrário. Você acha que é infinito justamente porque não é. E isso é tanto uma alegoria fictícia ao Universo como mostra a capacidade de conhecimento humano. Você nunca saberá o que não conhece, o que está fora do cubo – mesmo que reconheça que não saiba pela infinitude ilusória a ti posta pelo seu próprio conhecimento. Você nem tem ideia do que você mesmo admite não saber - você acha que o que não conhece é o infito do reflexo, mas não é. Você não tem a capacidade. É como tentar imaginar a quarta dimensão ou uma cor que nunca tenha visto. Só que é bem mais geral e, de certa forma, menor que esses exemplos ilustrativos. Está em cada processo de raciocínio, cada dedução inconsciente que sua mente faz, cada pensamento que te passa despercebido. Daí questionam-se as perguntas: "Como você não pensou nisso?" ou "Por que tinha este fato com tanta convicção? Por que não o questionou?" Você não podia. Não passou pela sua cabeça fazê-lo por causa seu próprio conhecimento que lhe é limitante. Você enxergava a completude e infinitude das possibilidades presas àquele fato - só podia raciocinar, ainda que de infinitas maneiras, baseado naquele pensamento. Até que algo veio a lhe despertar a atenção para a natureza daquele espelho, para a inconsistência daquele fato, e ele se quebrou, fazendo com que você percebesse que seu infinito era limitado. E se pôs diante de você uma nova parede espelhada.Você é um cubo espelhado em que as paredes estão constantemente se quebrando e cedendo lugar para outras. Mas todas espelhos. Todas te limitam a eles mesmos, ainda que pareçam infinitas. Mas diria eu que passei de um exemplo extremo (quarta dimensão) a um simplório (fatos específicos). O verdadeiro cerne da questão está nas prisões mentais a que cada ser humano está confinado, o limite de seu raciocínio, cujo maior expoente encarceirador é a linguagem. Não pensamos fora dos significados condicionados à nossa língua. Assim como não costumamos pensar fora de um padrão de consciência social. Não vemos por trás daquele espelho, porque não parece ter espelho - é simplesmente o infinito, e parece completo em si mesmo. Até que algo por trás do espelho é demonstrado ao conhecedor, e ele é quebrado. Mas sempre como novos espelhos atrás, novas limitações de pensamentos - ninguém jamais estará livre do falso infinito. E quem dirá que estou errado? Ou quem dirá que estou certo? Nem eu mesmo posso dizer, porque minha teoria depõe contra a própria autenticidade, se pensares bem. De fato, isso levanta a questão: como pude eu perceber que sou um cubo espelhado, se estou condicionado a esse mesmo paradoxo? Penso eu (vide, nem certeza sobre isso tenho, mas acredito) que é de se ver cubos menores. Universos de conhecimento mais limitados, de forma a caberem dentro do meu cubo e poderem ser analisados de um ângulo externo. Como uma criança, ou mesmo um bebê. Creio que tive a capacidade de ver que são eles esses cubos, então pude olhar para minha própria situação e encontrar a semelhança. Talvez por aí tenham cubos espelhados maiores que consigam me ver de longe e enxergar o que não enxergo, como minhas próprias limitações. E maiores que eles. E maiores. E onde isso vai parar? Quem há de saber? Porque, mesmo que seja infinito, quem provará que não é somente outro cubo espelhado?

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