quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Os Montes e Montanhas

"Porque os montes não são dos reis, nem dos belos, nem dos ricos, mas dos alpinistas."
André Sanches

"Se não existissem montanhas, nós não poderíamos escalá-las"
Desconhecido

"Eleve os olhos paras os montes: De onde virá meu socorro? O meu socorro vem do Senhor Deus, que fez o céu e a terra"
Salmo 121

Montes e Montanhas: diferentes significados, mas sempre montes de sabedoria.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Desvario de uma Noite

E então, colega
Estou aqui sentado a deslumbrar os espectros singelos da minha vida
Que se encobertam em desvario emocional
Tecido por sobre a melodia, calma mas destruidora, chopiniana
E agora minhas pupilas dilatam à observância de passagens negras e vazias
Buracos escandalosos em um quadro semi-acabado
Algumas poucas vezes, porém
Uma rajada concisa não obstante penetrante de luz magnífica
Emerge, de repente,
Fazendo minhas pupilas retrocederem, e meus olhos arderem
E some, do nada
E aquela escuridão reina denovo
Mais intensa, mais imponente
Calo-me naquele imenso vazio
Espreito quieto, sem saber o que pensar ou sentir
Só sei que ali há um buraco
Pensando bem
Não sei de nada

Palavras

Palavras, palavras, palavras
Comecei minha poesia... com palavras
Primeiro verso de puras palavras
E para o fim da primeira estrofe... palavras

Muito bem, já me cansei de palavras
Mas como continuar a poesia sem palavras?
Ei de escrever, pelo menos, diferentes palavras
Palavras, paLAvras, PaLaVrAs e pAlAvRaS


E já estamos na terceira estrofe, ainda com palavras
Chegamos no meio do poema, somente com palavras
Já que temos cinco estrofes, estrofes de palavras
Essa é a do meio, meio do poema, poema de palavras

E aproximamos do final, ainda com palavras
Você já está cansado de tantas palavras?
Ora, então porque não escreve sem palavras?
Verás que não é possível, você precisa das palavras

Realmente, precisamos muito das palavras
Mas não de palavras vazias, só palavras
Porque de nada valem sozinhas as palavras
Sem conhecimento, fúteis são as palavras


Iguais, simples, estáticas palavras
Necessárias e Inúteis são as palavras
Mas espere, eu não disse só tinham cinco estrofes nesse poema de palavras?
Ora, meu amigo... foram apenas palavras

domingo, 18 de dezembro de 2011

Uma História de Tempos nada Remotos

Ser que viu, sentiu e ouviu
Seres gemendo, gritando e correndo
Campo destroçado, em trapo imundo
E sonhos mil despejados do mundo

Gemiam as ovelhas, gritavam os cordeiros
Contra os Leões erguiam voz de clamor
Carne, sangue, amor e esperança
Entre dentes partidos a tecer a dor

Destemida espada se ergueu então
Saudado soldado, revolucionário
Ser-me-ei este que vos declaro
A se levantar e declamar o brado

Com julgo infinito, banhado em sangue
Destronei
, Destruí, desconstituí,
Atravessada espada que as jubas carregou
De minha mão não saiu em quanto durou

Girei o planeta, reverti o mundo
Decepando milhares, em martírio profundo
Travadas mil guerras, cem mil batalhas
Até que todos retirassem as malhas

Tudo isso, porém, em inesperado acontecimento
Para ver a glória a me ornar em meu alento
Revelando-se nada mais que um fruto do mundo criado
Onde as ovelhas passaram a comer os leões destronados

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Pote

No meu pote escuro e frio
Cintilante, com pontos brancos
Guardo essas lembranças, anseios
Derramo os belos e os feios

Esse pote sem fundo
Que surge todo dia
Revelando beleza
Enriquecendo o mundo

Esse pote universal
É só meu, por sinal
Meu cofre particular
Meu estúdio de guardar

Coberto com um pano negro
Escuro, branco, claro,
Afinal, não tem cor
É feito de pura dor

O Pano me fecha
Só eu e o pote
Me separa do mundo
Confiados à sorte

E aí
É onde o tempo se consome
Onde a alma reverbera no espírito
Em doce fluido, cheiroso e rico

E aí
É onde se derrama a lágrima
Onde o poema toma forma
Onde a alegria se desdobra

Onde o onde se torna quando
Quando nada permanece estruturado
Nem o tempo, nem o lugar, nem a personagem
Nem a rima, nem a estrofe
Nem a estrofe

E aí, meu amigo
É onde agora é o quando de aí
E o quando de aí, é sempre o agora de agora
Quando o agora, que se transforma em quando
Quebra
o quando, o agora
E tudo mais que tenha hora

Somente um Esboço

Sombras, sobras, soltas
Esfarelam-se suavemente
Sob o céu incandescente
De um frio que não se sente

Sobre minha mão se resvalam
Pedaços de vidro, embaçado
Embalsamado, embasado
Na vida fosca de sempre

Pois cada um, um dia
Seus pedaços distribuiu, insolúveis
Sua alma esquartejou e espalhou
Para pessoas, seres volúveis

Sucede-se assim, o que há de ser
Utiliza, esquece, encerra, cada ser
Seu pedaço, seu centésimo de vida
Como se lhe convém saber

Meus pedaços... ah, esses pedaços
Agora perdidos, espalhados
Cintilam um cintilar esquecido
Cessados, exterminados, mexidos

Não se satisfizeram deles, de certo
Se descuidaram, esqueceram
Algo tão escasso, esmero
Desperdiçaram, pereceram

Agora, só resta um esboço
Rasgado, ressecado
Que se contorce, a se reconstruir
Em soluços e fossos

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sinal Azul

E seguindo a estrada
Paro, do nada
E me pergunto, abafadiço
Porque estou fazendo isso?
A minha frente me ponho a olhar
Um sinaleiro, vede!
Verde, amarelo e vermelho
Amarelo, vermelho e verde

No vermelho, os carros se põe a passar
Da esquerda começam a movimentar
Correm que como se não houvesse amanhã
E passam em rapidez vã
Uma esquina, um canal, um passagem
Sim, uma via, sim, enverede
No verde, amarelo e vermelho
Amarelo, vermelho e verde

Para mim, continua vermelho
Nada além de um espelho
Em vez da esquerda a movimentar
Põe-se a direita a passar
E continuam a desprezar a esquina
Em uma infinita, por velocidade, sede
Em verde, amarelo e vermelho
Amarelo, vermelho e verde

Olha, e finalmente o verde apareceu
De trás de mim, o movimento cresceu
Saberdes ser este o sinal da passagem
Mas esta não era a minha viagem
Sim, não consigo prosseguir
Diante de mim, como uma parede
O verde, amarelo e vermelho
Amarelo, vermelho e verde

Os portões voltam-se a fechar
Para um novo ciclo começar
Os primeiros, os últimos se tornando
Os últimos, em primeiros se findando
E esse vai e vem continua
Como a vida, sim, crede
Com verde, amarelo e vermelho
Amarelo, vermelho e verde

E as pessoas continuam a passar
Conhecidos, passam sem parar
E seguem suas vidas, a ignorar
Aquela bela esquina, sem par
Estou cada vez mais acomodado
Como a descansar em uma rede
Vendo verde, amarelo e vermelho
Amarelo, vermelho e verde

Me pergunta então, alguém
O que fazes aí, porém?
Faço o que faz todo o que aqui se posta
À minha hora de seguir, espero resposta
Não está ela, porém, nessas cores
Supérfluas, viciosas, prevede
Esse verde, amarelo e vermelho
Amarelo, vermelho e verde

Aprecio o momento, admiro a esquina
Não hei de seguir outra doutrina
Esperarei sim, pela cor azul
Que indistinguível deixe norte e sul
Que signifique pare, reflita e siga
Que quebre, e o fim provede
Do verde, amarelo e vermelho
Amarelo, vermelho e verde.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Vida, Poesia

Vi Vida
Vi Poesia
Vi Poesia Vívida
Vi Poesia Vivida
Vi Poesia, Vi vida
Vi, da Poesia, Vida
Vida, Poesia, Vi 
Vi Vida, Poesia da Vida
À Vida, Poesia dá Vida
Ávida, Poesia da Vida
Vivi da Poesia 
Vívida Poesia
Da Vida, Vida da Poesia
Vi Vivida Vívida Poesia
Vi, Vi, Vi, da Vivida Poesia
Vi V i Vi a Poesia
i Vívida, Vivi V i I
Vida, poes, ia
Vivida
da Poesia


sábado, 3 de dezembro de 2011

No meio do caminho...

Tinha um ser humano no meio do caminho
No meio do caminho, tinha um ser humano

Por quê - Em poema

"A poesia, oculta no papel, quer sair libertar-se.
Consubstanciar-se na vida do homem simples, triste e sério.
Dizer as angustias do operário que sem esperança, da construção, assiste ao ocaso.
E gritar o amor pela vida do menino pobre que corre descalço rumo a fábrica.
 grito de humanidade em tinta e formas limitadamente representadas,
rasga a existência cotidiana, respondendo todas as dúvidas e criando tantas outras.
Destrói a estrutura da rotina, conclama o acaso e zomba do sistema que tenta se impor.
Cria várias possibilidades, propondo assim a mudança, por completo, da realidade.

A literalização da alma, na negação do mundo o reafirma ao contrário.
Quer nos inundar de amor mostrar o verdadeiro e o belo.
E também denunciar o triste, o feio, o injusto, enfim, o real...
Realidade sistêmica que luta e se impõem, inutilmente, contra o lirismo da mudança

Os versos condensados querem expandir em convulsão, destruindo o mundo posto, pela ação.
Então vamos,recite, diga e deixe que verso por verso, palavra por palavra forme-se!
Viva a poesia material, deixe-a formar em seus lábios e materializar-se nos atos e lutas.
E só assim, o texto restrito, agora transcendido, encontra sua forma completa de poema real, revolução."

K. Joseph

O que vês ali, Manoel?

O que vês ali, Manoel?
Vês os milhares de problemas
Os confrontos, tribulações
Desafios, Consternações
Alegrias, prantos e tédios?
Não, tudo o que vejo, diz ele
É uma rua congestionada

Por quê

Todos os dias sou confrontado com um mundo que reprovo. E quase não encontro quem queira ouvir sobre isso. Claro, o modelo do mundo rejeita as críticas feitas a ele próprio. Eu temo esse sistema, e, por segurança, me escondo. Mas vou dizer, que, como ser humano, é difícil viver se guardando de tudo. Através da poesia encontrei um meio através do qual posso me expressar, um meio complexo que passará desapercebido aos olhos que não se importam, e uma porta com sete fechaduras para os que quiserem entender. Algumas chaves são únicas e estão comigo. Outras, permitirão que as pessoas certas entendam o que quero dizer. Quero ver no que isso me leva.
Eis aí minha poesia
Eis aí minha vida.