terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Pote

No meu pote escuro e frio
Cintilante, com pontos brancos
Guardo essas lembranças, anseios
Derramo os belos e os feios

Esse pote sem fundo
Que surge todo dia
Revelando beleza
Enriquecendo o mundo

Esse pote universal
É só meu, por sinal
Meu cofre particular
Meu estúdio de guardar

Coberto com um pano negro
Escuro, branco, claro,
Afinal, não tem cor
É feito de pura dor

O Pano me fecha
Só eu e o pote
Me separa do mundo
Confiados à sorte

E aí
É onde o tempo se consome
Onde a alma reverbera no espírito
Em doce fluido, cheiroso e rico

E aí
É onde se derrama a lágrima
Onde o poema toma forma
Onde a alegria se desdobra

Onde o onde se torna quando
Quando nada permanece estruturado
Nem o tempo, nem o lugar, nem a personagem
Nem a rima, nem a estrofe
Nem a estrofe

E aí, meu amigo
É onde agora é o quando de aí
E o quando de aí, é sempre o agora de agora
Quando o agora, que se transforma em quando
Quebra
o quando, o agora
E tudo mais que tenha hora

Nenhum comentário:

Postar um comentário